quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Magia com o Banco do Tempo




Descobri hoje o que para mim é uma maravilha de inovação social: O Banco do Tempo.

Baseado na ideia de que todos temos algo para dar foi criado, nos anos oitenta, o conceito de Banco do Tempo. Um Banco em tudo semelhante a todos os outros, com a particularidade de que neste a moeda de troca é tempo!

Ou seja, uma pessoa (ou instituição/associação/ grupo local etc.) abre uma conta de tempo neste banco, e disponibiliza-se a prestar algum tipo de serviço ou ajuda, ou o que seja. Em troca recebe créditos de horas, que pode utilizar depois, ao dispor de qualquer serviço de qualquer pessoas que também tenha uma conta neste Banco.
A fenomenalidade deste conceito é, na minha opinião, que a troca não é directa. quero com isto dizer que não é necessariamente a pessoa a quem eu presto serviço que me irá posteriormente prestar a mim, a troca é multidireccionada. Toda a gente dá, e toda a gente recebe.

Um conceito deste género é, para mim, um motor social de mudança, ou um motor de mudança social. Pensemos por exemplo no caso das instituições, que para desenvolver este ou aquele projecto se deparam com obstáculos como espaço, mas têm sobejamente algo como transporte. Concerteza há instituições que se deparam com a situação inversa. Com este Banco pode existir uma troca de serviços, que permite realmente estes projectos avançarem!

Desculpem-me o tom coloquial, mas hoje vi Magia a acontecer! Assisti à criação de um novo projecto porque O Banco do Tempo permitiu a troca entre duas entidades diferentes!

Assim se faz a rede, assim se faz a parceria, assim se faz a mudança...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Porquê "Tear de Manhãs"?



Porque no meio de algumas leituras encontrei este poema de João Cabral de Melo Neto ("Tecendo Manhãs"). Revi nele não só a minha perspectiva de vida, mas a minha perspectiva de serviço social e intervenção comunitária.

Várias partes a sublinhar:

Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos

trabalho solitário raras vezes tem efeito. Defendo o trabalho e a actuação conjunta e concertada para que se possam atingir efeitos realmente significativos. Por isso mesmo o meu interesse por trabalho em rede. Porque pressupõe a compreensão de que em concertação, e favorecendo a coesão social, mais facilmente podemos não só criar respostas a necessidades concretas, mas também prevenir as futuras.


De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

Qual destes galos é o mais importante? na minha opinião nenhum. Cada um teve um papel realmente importante na construção desta manhã. Penso que no trabalho social falta por vezes esta democracia realmente horizontal. Não será necessário esquecer quem é protagonista de quê, mas pensar que cada um, cruzando os fios de sol em grito, poderá construir uma manhã de tela que será toldo?

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.

Muito se fala de empowerment, de capacitação, de autonomização. Este pequeno excerto traduz o que para mim isso significa. Talvez em intervenção comunitária o desafio seja este: dar o primeiro canto, ajudar a tecer os gritos, os raios de sol, para que depois a manhã/tenda se sustenha sem armação. Porque já é manhã plena, tarde plena, noite plena, Dia em plenitude.

Para mim isso é uma comunidade capacidade. Uma comunidade que já não precise de Assistente Social.


Um caminho


Na cadeira de Seminário de Estágio de Serviço Social de 3º Ano, deparados com a necessidade de construção de um portfólio "pessoal e intransmissível", surgiu a hipótese de o fazer de uma forma dinâmica online, e assim nasceu o Tear de Manhãs.

Este Blog será, pois, um portfólio, ou melhor... um e-portfolio! mas o que é isto? depois de algumas leituras, e muita discussão, considero que a definição não é preto nem branco: é cinzento.

Uns autores consideram preto, e outros consideram branco, relevante é o que eu posso ver no cinzento. E neste cinzento sou eu que construo as tonalidades.

Quero dizer com isto que apesar de académicamente haver diferentes opiniões e correntes, este instrumento é pessoal, e por isso só eu posso definir o que ele é, para onde vai, e que rumo toma.

Para mim será, pois, uma forma de cristalizar o percurso de estágio e de vida para o próximo ano. Quem sabe? Talvez mais! Contemplará o que de melhor tirar desta experiência, o que mais me fizer reflectir, e o que mais marcar o meu processo. Há de ter, com certeza, indagações e questões pessoais que se liguem a questões profissionais, e vice versa!

Que dizer mais.... este blog não é um Blog, é um caminho.